UníssonosPosturas que favorecem a harmonia do canto
POR KARLA FIORAVANTE


A arte de colocar um dom à disposição da sua comunidade e motivar outras pessoas a se comprometerem, se envolverem com a palavra de Deus, é bela e também um desafio. O fato de estarmos em comum-unidade faz com que busquemos antes de tudo, compreender e dialogar com o outro.


As experiências
Estou todos os finais de semana na estrada e conheço diversas comunidades do Brasil, e algo que muito observo nos Ministérios de Música ou Grupos de Canto é a harmonia, não apenas entre seus membros, mas a sintonia enquanto tocam, cantam e se o grupo todo está tocando as mesmas notas, observo suas posturas e o respeito entre eles.
Não são poucos os e-mails que recebo de jovens, cantores, missionários, falando que os grupos estão difíceis, se desfazendo, que saiu algum integrante, que não houve compatibilidade, etc., e claro também falando da graça em exercer sua musicalidade na Igreja. Temos os dois lados: Harmonias e desarmonias…


Falando das desarmonias
Quando falamos de grupo, significa ser uma pequena associação, reunião de pessoas ligadas para um fim comum! E mais de uma pessoa corresponde a mais de uma opinião. Haverá alguns que concordam e outros que discordam. Porém, é importantíssimo que haja diálogo, respeito, perdão e reconciliação nesses grupos. 
Quando essa desarmonia passa para a música é necessário intervenção. Cada pessoa tem “função” especial naquilo que executa. Entretanto, precisa-se de ter bom senso quando for tocar seu instrumento ou cantar para que seja arte e soe em harmonia. Por isso, é primordial ensaiar, se possível com regência. Escreva as partituras ou cifras para que todos toquem exatamente a mesma coisa. O instrumento afinado caracteriza uma boa música com qualidade, lembrando que é imprescindível que o volume esteja em sintonia com o que está cantando. O que mais importa, ou seja, na igreja, comunidade, paróquia, o grupo que toca e canta tem que fazer o povo celebrar e levar Cristo na música.
Claro que se todos estiverem no mesmo nível, deve-se ter muito cuidado para estar em harmonia uns com os outros… Se for fazer abertura de voz (terças, quintas, segundas, enfim) é necessária sintonia plena entre os que cantam. E os instrumentos cuidadosos para não cobrirem a voz. Trabalhar percepção musical é uma dica importante.


Falando das harmonias
Quem já teve a oportunidade de ouvir os monges do Mosteiro de São Bento em São Paulo cantar, consegue vislumbrar e admirar a harmonia com que executam seu canto. Dinâmica vocal, unção… Respeitando as pausas, respirando corretamente, projeção adequada.
Fico feliz ao ver paróquias que investem em corais, professores de canto, aulas de música e instrumentos. Conheço várias e é possível. Se o músico trabalha e não consegue tempo para fazer aula, que busque ouvir músicas de qualidade, com harmonias mais preparadas, experimentar tirar novas músicas, ampliar o conteúdo musical.
Entre as pessoas há muita harmonia, principalmente, entre aqueles que buscam evangelizar e lutam pelo mesmo objetivo, que amam e se comprometem com sua comunidade! Quando amamos aquilo que exercemos, nosso desejo é deixar explícito isso em nossas ações. Vejo e presencio aqueles que acreditam e investem em seu dom de tocar, cantar! Aqueles que ouvem, partilham e transformam o ambiente em fé e arte!


Karla Fioravante é Musicoterapeuta, Psicanalista e Pós-Graduada em Psicopatologia e Saúde Pública pela USP. Integrante do grupo Cantores de Deus há 12 anos.

Fonte: www.revistaparoquias.com.br